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A profissão de arquiteto é milenar; a do engenheiro é que é nova; e
a do engenheiro civil mais nova ainda. A idéia de que o arquiteto só
projeta, esta então é novíssima; e a de que o arquiteto só projeta a
Arquitetura, super-novíssima.
De tal forma que, na sociedade contemporânea, convivem formas
arcaicas de produção do habitat (das quais nem o engenheiro nem o
arquiteto participam), com formas intermediárias de produção (para as
quais o profissional politécnico é o mais adequado) e formas avançadas
de produção (nas quais a especialização é fundamental). Enquanto, no
Brasil, essas 3 formas de produção conviverem, haverá necessidade de
profissionais generalistas e especializados, conforme as
circunstâncias específicas, caso-a-caso. Na Suécia, só há
especialistas; no Zaire, quanto mais politécnico, melhor.
Autor - M. Almada
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A existência da profissão regulamentada de "Arquiteto" existe na
maioria dos países. Terá sido uma "invenção" para se criar mais cursos
nas faculdades ou terá surgido devido a uma necessidade real ?
Antes para os problemas de saúde havia apenas o curandeiro, o xamã,
etc. Com o progressivo aumento do conhecimento e da complexidade na
medicina surgiram os médicos e posteriormente as especializações.
Antes para as construções havia apenas o pedreiro, o mestre. Depois
com o progressivo aumento da complexidade das estruturas e construções
surgiram vários especialistas: Engenheiro civil, Elétrico, Hidráulico
e muitos outros... e a complexidade das estruturas tornou-se tão
grande que mesmo para cada especialidade surgiram outras ainda mais
especializadas: engenheiros apenas de pontes, de túneis, de usinas, de
estradas, robótica, tráfego, e uma interminável lista de
super-especialistas.
De que forma a profissão de arquiteto tornou-se necessária e terá
surgido de forma quase expontânea em tantos países diferentes?
Se o trabalho do arquiteto é tão secundário, será que apenas o
engenheiro civil não poderia resolver o problema das construções?
Afinal para que complicar se apenas um profissional poderia
desenvolver todo o projeto e a sua construção?
Talvez a necessidade do "profissional arquiteto" tenha surgido quando
as diversas sociedades tenham percebido que a maioria das construções
poderiam e deveriam ser algo mais do que apenas...errr...
construção...
Todo um novo universo então passou a poder fazer parte das construções
e a serem estudados, documentados e transmitidos para as gerações
posteriores: proporções, materiais, percepção espacial, ritmo,
sociologia, história, psicologia e muitos outros aspectos distantes da
vertente puramente técnica da boa construção apenas.
Atualmente algumas sociedades primitivas ainda possuem curandeiros e
mestres de obra apenas...
sds
Octavio Queiroz
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Almada:
Eu não teria assim tanta certeza... Será mesmo que a profissão do
arquiteto é a milenar e a do engenheiro relativamente recente?? Na
realidade uma pesquisa googleanna rápida é inconclusiva... cada qual
tenta puxar a sardinha para a sua rede...
Para alguns monumentos antigos, por exemplo, é dada a paternidade de
"antigos arquitetos" ou em outros textos a "antigos engenheiros
construtores"...
O próprio conceito de "arquitetura" vem sofrendo transformações de
significado ao longo dos tempos, e textos de diferentes eras utilizam
-no com objetivos distintos.
Assim grandes feitos da humanidade foram atribuídos a engenheiros ou
arquitetos conforme seu significado ou ocasião: grandes obras como
aquedutos, sistemas de irrigação, pontes e fortificações são lembradas
pelos feitos de seus engenheiros... mas por outro lado, obras como
catedrais, palácios e monumentos são lembradas pelos seus arquitetos...
Um caso curioso é a torre Eiffel. Pouca gente sabe que o famoso
engenheiro que lhe deu o nome teve a importante ajuda de um artista e
arquiteto que deu a torre a imagem que vemos hoje... muito mais
interessante do que uma mera "antena" que Eiffel havia desenhado
originalmente.
Em resumo: Creio que no princípio dos tempos não havia nem engenheiros
e nem arquitetos... O que havia eram pessoas talentosas e inventivas
preocupadas em resolver seus problemas imediatos:
Assim havia o "Lavrador" que por necessidade acabou desenvolvendo um
sistema de irrigação, o "padre" que descobriu novas formas para ter a
iluminação e acústica adequadas para as suas igrejas, o "ferreiro" que
aperfeiçoou o ferro até desenvolver o aço, o pedreiro testou
diferentes argamassas até chegar no cimento da muralha da china em pé
até hoje...
A arquitetura e a engenharia não precisam nem de arquitetos e nem de
engenheiros para existir...
Octavio Queiroz
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Octavio
Não há dúvida. O projetista-construtor da Antiguidade era chamado de 'arquiteto', não de 'engenheiro'. A palavra 'arquiteto' é antiquíssima; vem do grego arkhitékton que, segundo o Houaiss, significa "o que detém uma ciência ou uma arte e dirige as outras pessoas". Veja bem: "ciência ou arte", o que significa que esse duplo caráter - técnico e artístico - da Arquitetura está na própria origem da palavra, na sua Etimologia.
Já o termo 'engenheiro' só se afirma após a Revolução Industrial; vem do latim ingenium, que queria dizer, entre outros significados, 'engenho', 'criatividade' e, por extensão, 'o produto material da capacidade de criar' (Cf. Houaiss). Daí o termo 'engenho' no sentido de 'máquina' (por exemplo, 'engenho de açúcar'), ou mais especificamente, 'máquina de guerra', engenho bélico (por exemplo, canhões).
Na realidade, no Ocidente, os primeiros 'engenheiros', assim chamados, foram os 'engenheiros militares' que só aparecem com a introdução da pólvora na Arte Militar (séc. X, na China e séc. XIV, na Europa). Até o século XVIII, só existiam os 'engenheiros militares', que estudavam Matemática, Química, Balística, Desenho, Topografia etc.
Pouco antes da Revolução Industrial, surgem os 'engenheiros civis'. Este termo, à época, tinha um significado mais amplo que o o atual, pois era aplicado a todo engenheiro que não fosse militar de carreira. É quando se funda a escola de Ponts et Chaussées (Pontes e Canais). Esse engenheiro 'civil', na realidade, era um engenheiro politécnico (civil + mecânico + metalúrgico + químico etc.). Estudava desde Astronomia a Geologia, passando também pelo Desenho e pelas Artes.
Com o surgimento das máquinas (hidráulicas, a vapor e, mais tarde, elétricas) a Engenharia vai se fragmentando e aparecem o engenheiro mecânico, o elétrico etc. Enquanto isso, o arquiteto continua seu rumo de projetista e construtor. A coisa começa a desandar quando surge o Cálculo Diferencial, o concreto armado e o aço, e as estruturas passam a ser dimensionadas, não mais empiricamente, mas cientificamente, matematicamente. A isso se seguem os avanços da Hidráulica científica, aplicados ao Saneamento e por fim a luz elétrica. Foi nesse momento (século XIX) que o arquiteto começou a se afastar da construção e das técnicas, refugiando-se apenas nas Artes e no Desenho, e abrindo espaço para os engenheiros. O resto da história a gente já conhece.
M. Almada
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Definições sobre Arquitetos, Engenheiros e Técnicos...
Postado por
Henrique Hermeto
às
12/22/2006 05:25:00 PM
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